REGALIAS

Escrito em 06/05/2023

 

 

Neste sábado acordei e liguei a TV para ver os treinos classificatórios da Fórmula 1. Sim, eu ainda assisto F1.

 

Eu estava mal-informado, neste final de semana tanto o treino de sábado quanto a corrida no domingo serão à tarde, em Miami. Fato é que, ao ligar a TV, dei de cara com a cerimônia de coroação de Sua Majestade o Rei Charles III.

 

Foi muito interessante, tradição, história, simbologias etc., mas ao mesmo tempo parece tudo um tanto quanto ridículo e anacrônico (que bela palavra). Aquelas roupas, a carruagem banhada a ouro, cetro, coroa, as falas ensaiadas, tudo muito impressionante. A cara séria do rei, nem um sorrisinho durante a cerimônia.

 

Esses soberanos são mesmo um povo à parte, você sabia que em algumas culturas é proibido olhar diretamente para o rei?[1] Pois é, com essa turma não tem aquela coisa de olhos nos olhos![2]

 

 

 

 

Sou super a favor da monarquia, desde que o rei seja eu.

 

Em 1993, alguns de vocês devem lembrar, houve um plebiscito aqui no Brasil, mas apenas 13,40% optaram pela monarquia. Eu já tinha idade para votar (acreditem!), e como não podia ser rei escolhi o presidencialismo. Se eu soubesse as tranqueiras que viriam nas décadas seguintes…

 

Voltando à cerimônia de hoje cedo, a determinada altura o locutor da televisão disse, com voz grave: “Neste momento, sua alteza vai sentar no trono”. Ai, ai, sei que é muito quinta-série, mas não pude deixar de rir, sozinho, imaginando a cena de sua alteza fazendo… deixa pra lá.

 

A frase foi essa mesmo, “agora ele vai sentar no trono”. Me lembrou a música do sujeito “sentado no trono do apartamento com a boca escancarada cheia de dentes esperando a morte chegar”. Sim, amigos, aqui a gente também toca Raul:[3]

 

 

 

 

Ao ser coroado o rei é investido na regalia, que em latim significa, basicamente, “as coisas do rei”: as vestes, as joias, os tesouros e, principalmente, o poder.[4]

 

A realeza desperta muita curiosidade, coisas bem estúpidas às vezes: No ano passado a pergunta “por que Charles tem mãos de salsicha” foi o sétimo assunto mais pesquisado no Google no Reino Unido! A resposta a esta intrigante pergunta pode ter a ver com “dactilite”, outra palavra fantástica.[5]

 

Já outros perguntam: “Por que o rei é cor-de-rosa?[6]

 

    Não sei nem faço questão de saber. Embora deseje a ele um bom reinado, na verdade não tenho muita simpatia pelo Rei Charles. Paradoxalmente, gosto muito do Ray Charles:[7]

 

 

 

 

Escrever sobre reis no Tem Música Pra Tudo é covardia, há material para uns 100 domingos seguidos. Elvis The King, e Roberto, nosso Rei, já frequentaram bastante as nossas páginas.[8] B.B.KING[9], Gonzaga o Rei do Baião[10], também já andaram por aqui. Cabia até um “Meu Amigo Charlie” do Benito di Paula, não cabia? Fica para uma próxima.

 

Mas, já que estamos no auge do outono, não poderia deixar passar a oportunidade de botar uma das músicas que mais gosto na vida, na voz do Nat KING Cole:[11]

 

 

 

God Save The King!  

 

 

[1] veja em https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/hiroito-o-monstro-que-se-safou.phtml?utm_source=site&utm_medium=txt&utm_campaign=copypaste

[2] Diogo Nogueira, “Olhos Nos Olhos” (Chico Buarque)

[3] Raul Seixas, “Ouro de Tolo” (Raul Seixas) in O Pacote Fechado de Raul Seixas, 1983.

[4] veja em https://pt.wikipedia.org/wiki/Regalia

[5] veja em https://exame.com/pop/por-que-a-mao-do-rei-charles-iii-e-inchada/

[6] descubra em https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2022/09/09/por-que-rosto-do-rei-charles-e-rosa-entenda-condicao-que-ele-tem-na-pele.htm

[7] Ray Charles, “Hit The Road Jack” (Percy Mayfield) in Genius – The Ultimate Collection, 2009.

[8] relembre, por exemplo, em https://temmusicapratudo.com.br/2019/04/07/repeat-please/ ou em https://temmusicapratudo.com.br/2021/05/30/as-pontes/ e https://temmusicapratudo.com.br/tag/roberto/

[9] relembre em https://temmusicapratudo.com.br/2019/02/17/dificil/

[10] relembre em https://temmusicapratudo.com.br/2020/03/14/om-lalala/ ou em https://temmusicapratudo.com.br/2019/02/24/so-que-nao/

[11] Nat King Cole, “Autumn Leaves” (Joseph Kosma / Johnny Mercer) in Coleção Folha Lendas do Jazz, Vol. 18, 2017.