OM – LALALÁ

OM – LALALÁ

14/03/2020 8 Por Marcelo Pantoja

Escrito em 14/03/2020.

 

 

Sexta-feira, anoitecendo com cara de chuva, estou correndo praticamente sozinho no Parque (delícia!) e vejo à distância um cara inclinado, com as duas mãos apoiadas numa árvore, achei que ele estava passando mal.

 

Acelerei o passo já pensando como ia fazer para chamar o SAMU sem celular. Eis que, chegando perto, vejo que na verdade ele está abraçando a árvore, de olhos fechados e cantando(?) bem alto: Aummmmmmmm…

 

Meu cérebro demorou um pouco para processar que ele estava pronunciando(?) o famoso Om, que faz tanto sucesso mundo afora e está super-na-moda hoje em dia.

 

Cá entre nós, meu amigo do Parque cantava(?) de um jeito bem engraçado (para não dizer desafinado), e me ocorrem aqui mil piadinhas sobre o Om. Mas vou me abster, pois a Wikipédia me informou que, além de ser o mantra mais importante do hinduísmo e de outras religiões, o Om é “tudo o que existe, o que foi, o que é e o que será”.[1] Outro site explica que “Om é o mundo inteiro. O passado, o presente, o futuro: tudo é Om“[2]. Só isto.

 

Sem gracinhas então. Mas, com todo respeito, para mim que não sou tão elevado, o Om é apenas um barulhinho sem significado.

 

Digo isto sem demérito nenhum, ao contrário, o universo da música está cheio de maravilhosos barulhinhos que não são palavras, ninguém sabe o que significam, mas todo mundo canta e adora.

 

Vai dizer que você não conhece este Ahê, Ahê, Ahê-Lehê-Lehê?[3]

 

 

 

 

 

O Ahê Ahê é fácil. Mas como se explica que você não consegue decorar a letra de Mamãe Eu Quero, mas canta direitinho, de cabeça e sem gaguejar este complexo Ai-Ai-AiAiAi, Lêle-Lelêle-Le- Loulouloulou-ai, Lêle-Lelêle-Le-Loulouloulou-ai, Lêle-Luaaaaio-Lulom?[4]

 

 

 

 

Sou fã desses barulhinhos nacionais, mas é preciso reconhecer que o barulhinho mais famoso do mundo (mais até que o Om, que é tudo!) está naquela música que o Paul fez para animar o Julian Lennon, entristecido porque o pai tinha se separado da mãe para ir morar com a Yoko.

 

Dizem que o Paul perguntou aos colegas se eles tinham alguma sugestão para encerrar a letra de  Hey Jude. John respondeu: “Nah!”. George? “Nah”. Ringo: “Nah”. E o Paul: Taí, gostei”.[5]

 

 

 

 

Reparou que não legendaram a parte do Nananá? Absurdo.

 

Bom pessoal, agora que aprendi que Om é “tudo”, deixo aqui meu Omzinho pra vocês.[6]

 

 

 

 

[1] in https://pt.wikipedia.org/wiki/Om

[2] in https://www.eusemfronteiras.com.br/o-que-e-o-mantra-om/

[3] Luiz Gonzaga e Gonzaguinha, “A Vida do Viajante” (Luiz Gonzaga, Hervê Cordovil) in Coleção Folha Raízes da MPB – Vol. 10, 2010.

[4] João Bosco, “Papel Machê” (João Bosco, Capinan) in Na Esquina Ao Vivo, 2001.

[5] Paul McCartney, “Hey Jude” (Paul McCartney, John Lennon) in Good Evening New York City, Disc 2, 2009.

[6] Tudo, “Om” (Tudo) in Tudo, tudo.