TEMPUS FUGIT

TEMPUS FUGIT

16/10/2022 4 Por Marcelo Pantoja

Escrito em 16/10/2022.

 

 

Tempus fugit (o tempo foge), é a expressão inventada pelo poeta Virgílio[1], e é também o nome de um clássico do jazz composto pelo pianista Bud Powell e  imortalizado por Miles Davis[2]. A banda Yes também tem uma música com este nome[3].

 

Mais de 40 dias sem escrever por aqui, um recorde. Por pura falta de tempo.

 

Porém, doa a quem doer, informo que ainda Tem Música Pra Tudo.

 

Já disse isto por aqui, mas repito e enfatizo: NÃO admiro quem trabalha demais.

 

Nas últimas semanas, por causa (ou com a desculpa) do trabalho, não visitei a mãe, não liguei para o melhor amigo que anda triste, não escrevi no blog, mal falei com o Legal (o bonitão da foto aí de cima). Ah, mas trabalhei p/c… Bela m#rd@!!!

 

Nesse tempo todo é claro que eu não “só trabalhei”. Tive, sim, momentos de lazer, mas vejam como é doente a cabeça de quem está entulhado de trabalho: Quarta à noite assisti a uma partida de futebol, acompanhei tudo desde o começo, e quando faltavam 5 minutos, o jogo zero-a-zero superdisputado, tudo podia acontecer, e o que eu fiz? Olhei o relógio, me bateu um desespero porque eu queria acordar bem cedinho no dia seguinte e tirar o atraso do trabalho, desliguei a TV e fui para a cama (e não dormi, claro!).

 

Faz sentido isto? Tudo bem que não era o meu time que estava jogando, na verdade eu assisti a partida desejando que houvesse uma forma de os dois concorrentes perderem (assim tipo eleição, sabe?).

 

Neste exemplo básico: nem me diverti direito pois não vi o final do jogo, nem “ganhei” tempo algum, pois demorei a pegar no sono e acordei mais tarde do que desejava. Ridículo!

 

 

 

Adoro esta música do Pink Floyd[4], principalmente a parte que lembra que cada dia é um dia mais perto da morte (“one day closer to death”).

 

Mórbido? Ao contrário, gostaria de lembrar disto toda manhã, para colocar as prioridades na ordem correta e assim viver decentemente.

 

“O tempo não para”[5], dizia o Cazuza. “Todos os dias quando acordo / Não tenho mais / O tempo que passou”[6], dizia o Renato Russo.

 

Ironia do destino, o tempo foi bem curto para eles dois. Ou não… Com passagens tão breves por aqui, fizeram muito mais do que eu, pobre mortal, seria capaz em milhares de anos. Que dizer então de Noel Rosa, morto aos 26 anos de idade deixando mais de 250 composições, boa parte delas grandes clássicos que marcaram para sempre a história da música.

 

Já o Einstein viveu bem mais (76 anos), mas isto é relativo, diria ele…     Segundo o próprio, o tempo é “uma ilusão; a distinção entre passado, presente e futuro não passa de uma firme e persistente ilusão”[7].

 

Tempo, tempo, tempo, diz a música que você já ouviu por aqui[8]. Espero que, em algum momento, ele passe a correr de um jeito mais macio, por assim dizer. Que seja legal comigo e só me derrube no final[9].

 

 

 

 

[1] veja em https://pt.wikipedia.org/wiki/Tempus_fugit

[2] ouça em https://www.youtube.com/watch?v=XOgzChL7Lyc

[3] ouça em https://www.youtube.com/watch?v=vzxZzIiO84Y

[4] Pink Floyd, “Time” (Mason/Waters/Wright/Gilmour) in The Dark Side of The Moon, 1973.

[5] da música “O Tempo Não Para” de Arnaldo Brandão e Cazuza, este último falecido em 07/07/1990, aos 32 anos.

[6] da música “Tempo Perdido” de Renato Russo, falecido em 11/10/1996, aos 36 anos.

[7] in https://pt.wikipedia.org/wiki/Tempo

[8] relembre em https://temmusicapratudo.com.br/2020/02/15/sr-tempo/

[9] Pato Fu, “Sobre o Tempo” (John Ulhoa) in Ao Vivo MTV, 2002.