SHE

SHE

06/10/2018 9 Por Marcelo Pantoja

Escrito em 22/10/2017

 

Tem música pra tudo, mas o que mais tem é música pra mulher. Não falo aqui das músicas que homenageiam o gênero, a instituição – como fez Gilberto Gil com a canção cujo título, ironicamente, é Super-Homem. Falo de música pra mulher com nome próprio: Rosa, Cecília, Bárbara, Terezinha, Geni (para ficar em um por cento das músicas com nome de mulher compostas por Chico Buarque).

 

Há aquelas que nem é preciso citar o autor, basta o título da música-mulher e você já sai cantando: Marina, Gabriela, Dora, MariaMaria, Yolanda. E aquelas que, além do nome próprio, têm procedência, como a Ana de Amsterdã (Chico Buarque), a Joana Francesa (idem) e a Tereza da Praia, que é de Tom Jobim e Billy Blanco (ou não é de ninguém?), mas todos conhecem mesmo é nas vozes de Dick Farney e Lúcio Alves[1].

 

 

 

 

Que falar, então, das mulheres privilegiadas que ganharam mais de uma música? Exemplos: A Carolina do Chico Buarque e a Carolina do Seu Jorge. Ou a Rita, cantada pelos Beatles como Lovely Rita, e a que conhecemos como aquela que levou o sorriso do Chico Buarque. A Iracema do Adoniran Barbosa e uma menos conhecida Iracema do, de novo, Chico Buarque.

 

Ninguém mais privilegiada, porém, que a Luíza, cantada como mulherão, na conhecidíssima música do Tom Jobim, mas cantada também para a criança, numa composição ultradoce de Francis Hime e Chico Buarque (again) para ninar suas respectivas bebezinhas de mesmo nome, e que ficou ainda mais doce na voz e no violão do Toquinho[2].

 

 

 

 

Até aqui citei, sem precisar parar pra pensar, dezoito nomes-mulheres-músicas (sem contar as duplicadas). É covardia. Caetano Veloso não chegou nem perto de equilibrar o jogo para os homens com o Menino do Rio e o Leãozinho, que são músicas lindas mas sequer têm nome próprio. Além disto, quem ainda vai se encantar com o Menino depois que ele tiver que abandonar a prancha para enfim trabalhar? Ou com o Leãozinho, depois que seus cachos se perderem no caminho dos anos? Já uma Luíza (a mulher) é pra vida toda, afinal são sete mil amores que o autor guardou somente para dar a ela.

 

Sem falar nas estranjas. Para ficar só em  Beatles, eles cantaram, além da já citada Rita, Julia, Lucy (in the sky), Michelle, Martha (my dear) entre outras.

 

Se o assunto é música pra mulher, não posso deixar de mencionar a Linda Mulher, a Pretty Woman, cheia de graça na versão original de 1964 do seu criador Roy Orbison, mas que eu gosto mesmo é na versão power do Van Halen[3].

 

 

 

 

Ou a música da Mulher Definitiva, She, do francês Aznavour, cantada pelo britânico Elvis Costello[4].

 

 

Não, não perdi o foco, sei que este artigo é sobre músicas com nome próprio, e Oh!Pretty Woman e She não têm nome de uma mulher específica.

 

Não têm porque não precisam, qualquer um que ouve sabe de que mulher se está falando…

 

A minha, claro!

 

 

 

[1] Lúcio Alves e Dick Farney, “Tereza da Praia” (Tom Jobim, Billy Blanco) in “Coleção Folha 50 Anos de Bossa Nova CD nº 2”, 2008.

[2] Toquinho, “Luiza” (Francis Hime , Chico Buarque) in “Álbum Musical” de Francis Hime, 2004.

[3] Van Halen, “Oh! Pretty Woman” (Roy Orbison, Bill Dees) in “The Best of Both Worlds, Disc 1”, 2004.

[4] Elvis Costello, “She” (Charles Aznavour, Herbert Kretzmer) in “The Very Best of Elvis Costello Disc 1”, 1999.