DOMINGÃO

DOMINGÃO

27/09/2020 12 Por Marcelo Pantoja

 

Escrito em 26/09/2020

 

 

Domingo vem do latim dies Dominicus, que significa “dia do Senhor”. É o primeiro dia da semana, e é sagrado para a maioria das religiões cristãs porque segundo os evangelhos foi o dia em que Jesus ressuscitou.

 

Eu me lembro que no “ensaio geral” antes da Primeira Comunhão o padre disse a todos nós que faltar à missa aos domingos era pecado, e deixar de ir à missa no domingo de Páscoa era um pecado mortal!

 

Eu tinha dez anos na época. Se minha conta está certa, de lá para cá foram 2.236 domingos. Talvez eu tenha ido à missa em três ou quatro deles, certamente não na Páscoa.  Tô ferrado.

 

Para religiões como o judaísmo e algumas das protestantes o dia sagrado é o sábado, pois é o sétimo dia da semana e a Bíblia diz que Deus, ora vejam, depois de seis dias na labuta criando o mundo, no sétimo resolveu descansar.

 

Foi em um domingo de 1972, na cidade de Derry na Irlanda do Norte, que milhares de manifestantes católicos fizeram uma passeata para protestar contra as desigualdades religiosas e contra a política do governo britânico de prender suspeitos sem um julgamento prévio. Uma parte dos manifestantes insistiu em seguir a rota planejada e invadiu uma área que havia sido bloqueada pela polícia.

 

O exército de Sua Majestade não gostou e recebeu o grupo a bala. Resultado: um monte de gente ferida e 14 mortos, alguns pelas costas, todos desarmados, a maioria deles adolescentes.

 

A data ficou conhecida como Bloody Sunday (“Domingo Sangrento), e é por causa dela que quem era jovem na década de 1980 se esgoelava cantando esta música:[1]

 

 

 

 

Não quero parecer mórbido, mas é preciso reconhecer: Domingo e sangue costumam dar músicas históricas.[2]

 

 

 

 

Nem só de tragédias se fazem os domingos, longe disto! Um Dia de Domingo também pode ser ultra, megarromântico:[3]

 

 

 

 

Para mim, domingo é dia de publicar novidades no Tem Música Pra Tudo, que nesta semana completou inacreditáveis dois anos.

 

Mas domingo é bom, mesmo, é para preguiçar (sim, este verbo existe).[4] Principalmente à tarde, como ensinou o Queen:[5]

 

 

 

Vejam só, iniciei este texto confessando 2.232 pecados, sendo pelo menos 43 deles “mortais”, e agora encerro fazendo uma ode à Preguiça, o sexto dos Sete Pecados Capitais.

 

Rezem por mim.

 

[1] U2, “Sunday Bloody Sunday” (Bono, The Edge, Adam Clayton, Larry Mullen Jr.) in War, 1983.

[2] Gilberto Gil, “Domingo no Parque” (Gilberto Gil) in Queridos Amigos (trilha sonora), 2008.

[3] Gal Costa e Tim Maia, “Um Dia de Domingo” (Michael Sullivan /Paulo Massadas) in Bem Bom, 1985.

[4] preguiçar. Andar ou estar com preguiça; entregar-se à preguiça; fazer as coisas com preguiça; mandriar, madracear (Aurélio Buarque de Holanda Ferreira in “Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa”, 4ª. Edição, 2009, Ed. Positivo, p.1620)

[5] Queen, “Lazing on a Sunday Afternoon” (Freddie Mercury, Brian May, Roger Taylor, John Deacon) in A Night At The Opera, 1975.