LUNA LUNA LUNA

LUNA LUNA LUNA

13/07/2019 6 Por Marcelo Pantoja

Escrito em 13/07/2019.

 

 

Há cinquenta anos o foguete Saturn V foi lançado ao espaço (16/07/1969), seu Módulo de Comando alcançou a órbita lunar três dias depois, e em 20/07/1969 seu Módulo Lunar, uma cápsula apelidada de Eagle (Águia), pousou (alunissou[1]) numa região da lua chamada Mar da Tranquilidade; seis horas depois, já no dia 21/07/1969, um homem finalmente pisou na lua com seu pé esquerdo.

 

Antes disto já existiam zilhões de músicas falando sobre a lua, e depois daquele passo histórico a coisa só aumentou. A lua é cantada em várias cores (Lua Branca, Luna Rossa, Blue Moon), em todas as suas fases (Harvest Moon, Tonada de Luna Llena), dos mais diversos pontos de observação (Luar do Sertão). Estas citadas, todas lindas, são só um petisco, tem música de lua para mais de um ano de blog.

 

Em 1969 a conquista do espaço era uma obsessão americana, e portanto mundial. E foi bem na véspera do grande momento, quando todo mundo esperava ansioso para ver se o homem realmente pisaria na lua, e se (esta a parte mais difícil) voltaria para contar a história, enfim, foi no auge dessa apreensão generalizada que em 11/07/1969 o David Bowie lançou Space Oddity, seu primeiro grande sucesso (e minha preferida do velho Camaleão do Rock).

 

Até aí tudo bem, aproveitaram a onda, jogada de marketing, etc. Só que a música narra um fracasso, ela descreve o que seria o maior pesadelo no momento, já que o personagem, o coitado do astronauta Major Tom, se perdeu no espaço e nunca mais voltou![2]

 

 

 

 

Os astronautas da missão Apollo 11 tiveram mais sorte que o Major Tom e voltaram em segurança, sendo recolhidos no Oceano Pacífico no dia 24/07/1969 pelo navio USS Hornet.

 

Bowie correu um risco danado de se tornar o maior urubulino da história, mas no fim tudo deu certo e sua música fez e faz até hoje um enorme sucesso, no mundo e aqui em casa, onde costumo assassiná-la embaixo do chuveiro (ou fora dele, se no estado etílico apropriado) gritando “tell my wife I love her very much, she knooooooooooowwwsss…”[3]

 

Lua sempre dá música boa, como já mostramos em um dos primeiros textos do blog com a insuperável Anita O’Day[4], ou como nesta belezura abaixo:[5]

 

 

 

 

Mais que a lua, o espaço com seus mistérios e toda a sua imensidão infinita sempre foi objeto de fascínio para o homem.

 

Semana passada ganhei do Marcão, my best friend since ever, um livro que arruinou o meu dia seguinte pois o levei para a cama (o livro, não o Marcão) e só consegui largar depois de terminá-lo quando já era de manhã e eu tinha que trabalhar.

 

A história do livro é narrada pelo seu protagonista, um adolescente chamado Christopher que é autista, e como bom autista ele é péssimo em se relacionar com as pessoas, mas é um pequeno gênio em coisas como matemática e astronomia.

 

A determinada altura ele explica: “… quando você olha para o céu, você sabe que está olhando para estrelas que estão centenas e milhares de anos-luz distantes de você. E algumas das estrelas nem existem mais, porque a luz delas leva tanto tempo para nos alcançar que elas já estão mortas, ou já explodiram … E isto faz você se sentir muito pequeno, e se você tem coisas difíceis na sua vida é agradável pensar que elas são o que é chamado insignificantes, o que significa que são tão pequenas que você não deve levá-las em conta quando está calculando alguma coisa”.

 

E mais adiante, quase no final da história: “… o Pai chegou e eu gritei, mas a Mãe disse que ela não ia deixar nada de ruim acontecer comigo, e eu fui para o jardim deitar e ver as estrelas no céu e me fazer insignificante.”[6]

 

Às vezes tenho essa sensação quando vou ao Parque à noite e o céu está limpo, por isso me identifico muito com essa imagem do Christopher.

 

Não que eu seja um pequeno gênio como ele, longe disso. Mas é que eu…[7]

 

 

 

 

[1] alunissar: pousar suavemente na superfície lunar; alunar; alunizar (Aurélio Buarque de Holanda Ferreira in Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, 4ª. edição, Ed. Positivo, 2009, p.108).

[2] David Bowie, “Space Oddity” (David Bowie) in Changesbowie, 1990.

[3] “Digam à minha mulher que eu a amo muito, ela sabe”.

[4] Texto “Deixa que Digam” publicado em 23/09/2018: https://temmusicapratudo.com.br/2018/09/23/deixa-que-digam/

[5] Caetano Veloso, “Luna Rossa” (V. de Crescenzo/A.Vian) in Ommaggio a Federico e Giulietta, 1997.

[6]O Estranho Caso do Cachorro Morto”, de Mark Haddon, Editora Record, 2018, páginas 170 e 274, respectivamente.

[7] Moraes Moreira, Aretha, Baby Consuelo, Bebel Gilberto, Ricard, Lindo Balão Azul(Guilherme Arantes) in Pirlimpimpim, 1982.