ANIVERSÁRIOS

ANIVERSÁRIOS

10/07/2022 8 Por Marcelo Pantoja

Escrito em 08/07/2022.

 

 

Esta semana completaram-se 40 anos da Tragédia do Sarriá, um triste aniversário.

 

Sarriá é o nome do estádio em Barcelona  onde, em 05/07/1982, a melhor seleção brasileira de todos os tempos (dos meus tempos pelo menos) foi eliminada da Copa do Mundo por uma Itália que, até então, havia se classificado à custa de três empatezinhos vagabundos com Polônia (0x0), Peru (1×1) e Camarões (1×1).

 

Foi mesmo uma tragédia. Até aquela partida o Brasil não havia meramente vencido todos os seus adversários; havia apresentado verdadeiros espetáculos de futebol-arte contra União Soviética (2×1), Escócia (4×1), Nova Zelândia (4 x 0) e um retumbante 3×1 contra a Argentina de Maradona.

 

E então, contra todas as expectativas, naquele 05/07 o Brasil perdeu para a Itália por 3×2, e foi eliminado amargando um modesto 5º. lugar na competição.

 

Quando se fala na Copa da Espanha de 1982, lembra-se mais da seleção brasileira do que da campeã (a própria Itália). Não me refiro apenas aos brasileiros, qualquer amante do futebol lamenta aquela tragédia. Basta ver o que Josep Guardiola, sem dúvida o maior técnico das últimas décadas, diz a respeito: “As pessoas tentam julgar o sucesso por títulos e por recordes, mas, assim como um bom livro ou um bom filme, um time pode ter um impacto nas pessoas para sempre. Esse foi o Brasil 82 para mim.”[1]

 

É justamente este o ponto. Não vou entrar em detalhes, há livros escritos sobre aquela partida de futebol, o que interessa a este texto é o impacto que aquela derrota causou na minha vida em 05/07/1982. Quatro dias depois eu completaria 15 anos de idade, e até então nunca nada tão inesperado e surpreendente (pelo lado negativo) me havia acontecido.

 

Para mim era simplesmente impossível que o Brasil perdesse, e que Zico, Sócrates e Falcão não fossem campeões do mundo.

 

Não fui só eu, a decepção foi mundial, e o Jornal da Tarde da manhã seguinte a traduziu de um modo que se tornou histórico, um ícone do jornalismo. Só uma foto e uma data, sem nenhuma manchete:

 

 

 

Claro que há coisas muito piores que uma derrota em uma partida de futebol. Mas para aquele garoto o mundo havia acabado. Marcou para sempre, foi o dia em que descobri o quanto a vida pode ser dura, que Justiça é apenas uma possibilidade, e que o Papai do Céu nem sempre acerta.

 

Desci chorando o trecho entre o escritório do meu pai (onde assistíamos aos jogos, 30 pessoas em torno de uma TV minúscula) e minha casa, uma caminhada de uns 10 minutos, no compasso da desilusão.[2]

 

 

 

 

Como eu disse, dias depois eu faria aniversário, mas o “Parabéns a Você” daquele ano foi uma porcaria, o pior da história.

 

A propósito, você sabia que a letra do “Parabéns a Você”  brasileiro foi composta por Bertha Celeste Homem de Mello, uma Pindamonhangabense que em 1942 venceu mais de 5.000 concorrentes em um concurso para escolher uma letra que casasse com a melodia do “Happy Birthday To You” americano?[3]

 

Outro que compôs um “Happy Birthday” muito especial foi Stevie Wonder, em 1981, para a campanha visando transformar o dia do aniversário de Martin Luther King Jr em feriado nacional. E deu certo, nos Estados Unidos, desde 1986, na terceira segunda-feira de janeiro do ano celebra-se o feriado do “Dia de Martin Luther King Jr”:[4],[5]

 

 

 

Não sei se já falei que meu aniversário é agora em julho, falei?

 

Não se preocupem com lembranças, por favor. Uma homenagenzinha simples como esta é suficiente (para Anthony Dominick Benedetto, também conhecido como Tony Bennett, ao completar 90 anos em 2016):[6]

 

 

 

 

[1] in https://pt.wikipedia.org/wiki/Trag%C3%A9dia_do_Sarri%C3%A1

[2] Marisa Monte e Paulinho da Viola, “Dança da Solidão” (Paulinho da Viola). In Verde Anil, Amarelo,Cor-de-Rosa e Carvão, 1994.

[3] Veja em https://pt.wikipedia.org/wiki/Parab%C3%A9ns_a_Voc%C3%AA

[4] Veja em https://en.wikipedia.org/wiki/Happy_Birthday_(Stevie_Wonder_song)

[5] Stevie Wonder, “Happy Birthday” (Stevie Wonder) in Hotter Than July, 1981.

[6][6] Lady Gaga, “La Vie En Rose” (Mack David / Louiguy / Édith Piaf) in Tony Bennett Celebrates 90, 2016.