MENTES CRIMINOSAS

MENTES CRIMINOSAS

01/11/2020 5 Por Marcelo Pantoja

Escrito em 31/10/2020.

 

Quem não gosta de um bom crime, não é mesmo?

 

Crime é o tema de milhares de livros, filmes, novelas e séries. E músicas também, como esta, que eu gosto tanto que obriguei minha mulher a aprender a tocar no piano:[1]

 

 

 

 

Incrível o fascínio que o crime desperta nas pessoas. É a notícia que mais vende, é o assunto da padaria, do bar, interessa a todo tipo de gente, camelô, baiana e até vereador fazendo discurso:[2]

 

 

 

 

Por que gostamos tanto de um crime?

 

Dá pra entender os atrativos de um bom mistério, uma história bem contada, toda a trama até que o bandido seja pego, o bem prevaleça e coisa e tal. Mas… e quando nos vemos torcendo pelo bandido, como em Golpe de Mestre (1973) e em Onze Homens e Um Segredo, por exemplo?

 

Já sei o que você vai dizer: estes eram bandidos “bons”, não mataram ninguém, só deram golpes em pessoas ambiciosas. Além do mais, quem resiste a ladrões como Paul Newman e Robert Redford (Golpe de Mestre), Frank Sinatra, Dean Martin (primeira versão de Onze Homens, 1960), George Clooney e Brad Pitt (versão de 2001)?

 

Tá bom, mas como você justifica que adoramos assassinos como Vito (o Don) e Michael Corleone? Será que é por causa da música?[3]

 

 

 

 

Pior: Lembro o quanto me assustei comigo mesmo quando li pela primeira vez O Dia do Chacal[4] e fiquei extremamente frustrado quando aquele assassino tão inteligente, tão meticuloso e competente, na última página errou o tiro e não conseguiu matar o presidente da França.

 

Verdade, fiquei decepcionado porque o Chacal não conseguiu matar o General Charles de Gaulle!

 

Serei eu um psicopata?[5]

 

 

 

 

Calma gente, eu gosto dos mocinhos também. Sou fã incondicional do detetive Bobby Goren (Law & Order – Criminal Intent) com seus jogos psicológicos, e do Patrick Jane (The Mentalist). E gosto também de todos os CSI, que desvendam o crime a partir de uma gota de suor deixada pelo assassino. Isso mesmo, série boa é série velha, aqui em casa não tem essa de Netflix

 

Quis o destino que bem no dia em que eu resolvi  escrever sobre crimes amanheci com a notícia que Sean Connery morreu.

 

Fiquei muito triste. Como vocês sabem eu sou bem novo, quando Sean Connery fez os primeiros seis (de um total de sete) filmes do 007 eu nem tinha nascido, mas ao longo do tempo assisti todos eles, várias vezes.

 

Depois de “Diamantes São Para Sempre” ele cansou de ser o agente secreto mais charmoso de Sua Majestade. Mais que isto, Connery passou a odiar James Bond, chegou a dizer que gostaria de matá-lo![6]

 

Porém, doze anos depois foi convencido ($$$) e voltou a encarnar o 007, e não foi à toa que o filme se chamou “Never Say Never Again” (Nunca Diga Nunca Outra Vez).

 

Depois fez outros filmes maravilhosos, meu preferido, Os Intocáveis (1987), que lhe rendeu o único Oscar da carreira, interpretando Jim Malone, o policial americano-irlandês que ajudou a prender o poderoso Al Capone. Neste, eu torci pros mocinhos.

 

Vá com Deus Bond, James Bond.[7]

 

 

 

 

[1] Supertramp, “Crime Of The Century” (Rick Davies, Roger Hodgson) in Crime of The Century, 1974.

[2] João Bosco, “De Frente Pro Crime” (João Bosco, Aldir Blanc), in O Bêbado e a Equilibrista, 1989.

[3] Nino Rota, “Love Theme from The Godfather” (Nino Rota) in The Godfather (soundtrack), 1972.

[4] De Frederick Forsyth (The Day of The Jackal, 1971).

[5] Talking Heads, “Psycho Killer” (D.Byrne, T.Weymouth, Jerry Harrison, C.Frantz) in Stop Making Sense, 1984.

[6] in https://en.wikipedia.org/wiki/Sean_Connery

[7] The London Studio Orchestra, “James Bond Theme” (Monty Norman) in James Bond – 007 Film Themes, 1994.