PATACOADAS[1]

PATACOADAS[1]

08/03/2020 7 Por Marcelo Pantoja

Escrito em 07/03/2020.

 

Dá uma olhada nestes simpáticos seres da foto aí de cima, são moradores do parque aqui perto de casa.

 

Sou fã destes patos, adoro acompanhar a rotina deles que, depois de nadar, se juntam na beira do lago e ficam um tempão secando ao sol. Assim, quietinhos, paradões, não conversam, quase não se mexem, não dão uma conferida no WhatsApp. Nem pensam: “Nossa, que paisagem linda, vou tirar uma selfie pra postar…”

 

Nada disso, acho que alguns deles até nem têm celular, acredita?

 

Você já deve ter ouvido aquela bobagem de que pato anda, nada e voa, mas não faz nada disto direito. Tremenda injustiça. Será que quem diz isto consegue fazer essas três coisas? Aliás, quantas espécies da natureza têm essa tripla capacidade?

 

Segundo a Wikipédia, além de andar-nadar-voar “com razoável competência” e ter “perfeito senso de direção e comunidade”, o pato também consegue dormir com metade do cérebro e manter a outra metade em alerta![2] Isso mesmo, o bicho dorme com um olho aberto – aquele que estiver virado para o lado do perigo. Depois de um tempo ele levanta, vira para o outro lado, e aí é o olho oposto que fica aberto.[3]

 

Não bastasse, o pato dá excelentes músicas:[4]

 

 

 

 

Quem entende da coisa – não é o meu caso – diz que nesta música aparentemente simples João Gilberto esbanja talento encaixando cada palavra no seu acorde exato e tirando do violão uma variedade de sons que parece incompatível com os movimentos mínimos de sua mão direita.

 

Pode ser, mas, em se tratando de música de pato, eu gosto mais desta aqui:[5]

 

 

 

 

Outra coisa que me agrada nessas duas músicas é que nelas o pato faz um brasileiríssimo “Qüem-Qüem”, e não o “quack” daqueles gibis onde eles, os patos, só se vestem da cintura para cima.

 

Por favor não me corrija, eu sei que o trema, este outro injustiçado, foi banido da nossa língua. Mas aqui, no Tem Música Pra Tudo, ele jamais morrerá.

 

Falando em “Qüem-Qüem”, outra peculiaridade desses seres bicudos que descobri na Internet é que “…muitos patos machos são silenciosos…”, mas “as fêmeas podem fazer uma vasta gama de diferentes barulhos, e elas são normalmente mais vocais do que os patos machos”.[6]

 

“As fêmeas são mais vocais”, ha ha ha, que forma elegante de informar que o mundo dos patos tem algo muito em comum com o nosso, de humanos.

 

A propósito, acabo de me dar conta de que estamos chegando de novo no “Dia Internacional da Mulher”. Então, permitam-me fazer uma pequena homenagem à minha, colocando aqui uma musiquinha que nós dois gostamos muito e que tem tudo a ver com ela.[7]

 

Ops, será que é machista falar “minha” mulher? É sexista? É inadequado? Opressivo?

 

F#%@-se.

 

 

 

 

[1] patacoada. 1.Coisa que não se leva a sério; disparate; tolice (Aurélio Buarque de Holanda Ferreira in “Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa”, 4ª. Edição, 2009, Ed. Positivo, p.1505).

[2] in https://pt.wikipedia.org/wiki/Pato

[3] In http://dormogirl.blogspot.com/2010/03/os-patos-dormem-com-um-olho-aberto-o.html

[4] João Gilberto, “O Pato” (Jayme Silva, Neuza Teixeira) in Performance João Gilberto, 1990.

[5] MPB-4, “O Pato” (Toquinho, Vinicius de Moraes, Paulo Soledade), in A Arca de Noé, 1980.

[6] in https://canaldopet.ig.com.br/curiosidades/2017-09-22/patos-curiosidades.html

[7] David Byrne, “Everyone’s in Love With You” (David Byrne) in Caetano Velos & David Byrne Live At Carnegie Hall, 2012.