COVIDAS
Escrito em 07/04/2020.
Co, segundo o Dicio – Dicionário Online de Português – é a “forma abreviada do prefixo com-, usada para formar novos vocábulos ao se aglutinar com o elemento inicial da próxima palavra, tem o sentido de junção, união, companhia, força”.[1]
Para o Dicionário Aulete Digital “significa companhia, concomitância”[2]. Já o nosso velho e bom Aurélio nos lembra que Co, além de símbolo do Cobalto (!), é um prefixo de “contiguidade, companhia”.[3]
Ironicamente, hoje o ato mais solidário possível é afastar-se, não ficar com.
Então por que este nome, COVID?
Quem responde é a Fundação Oswaldo Cruz: “Desde o início de fevereiro, a Organização Mundial da Saúde (OMS) passou a chamar oficialmente a doença causada pelo novo coronavírus de Covid-19. COVID significa COrona VIrus Disease (Doença do Coronavírus), enquanto ‘19’ se refere a 2019, quando os primeiros casos em Wuhan, na China, foram divulgados publicamente pelo governo chinês no final de dezembro. A denominação é importante para evitar casos de xenofobia e preconceito, além de confusões com outras doenças”.[4]
Portanto esqueça, a doença não se chama COVID para dizer que estamos todos coligados e que devemos cooperar porque aquilo que você faz reflete em mim e que o meu bem-estar depende do seu bem-estar.
Nada obstante, o Corona/Covid vem dando muitas lições, não vou citá-las aqui porque você decerto já recebeu de todas as suas tias um milhão de mensagens sábias a respeito.
No meu caso específico, para além dos ensinamentos cósmicos que chegam pelo WhatsApp, o que bateu forte foi a humilhação de engolir tudo o que já praguejei nos últimos dez anos contra o uso dos smartphones para finalidades outras que não simples ligações telefônicas em casos de extrema necessidade.
Depois que na semana passada minha mãe, que está guardadinha a sete chaves na casa dela, sem a ajuda de ninguém conseguiu me fazer uma chamada de vídeo (!), declaro aqui, envergonhado, minha incondicional rendição ao celular.
A tecnologia me permitiu continuar trabalhando e me põe em contato, inclusive visual, com todo mundo. Desta forma consigo saber e, literalmente, ver que meus amigos e familiares estão bem. Tudo isto ameniza as preocupações, a saudade, e assim vamos levando um dia após o outro na expectativa de que em breve estaremos juntos novamente.[5]
O que a tecnologia não resolve é a aflição de estar tanto tempo afastado dos meus amiguinhos Marrom, Ruivinho e, especialmente, o Legal, cães que moram no Parque Central aqui de Santo André. Sei que estão sendo bem cuidados pelos Guardas que tomam conta do parque, a quem agradeço imensamente, em especial à GCM Lilian.
No dia 20/03, uma sexta-feira, a Prefeitura anunciou que o Parque fecharia para o público no dia seguinte, por tempo indeterminado. A manhã estava linda, corri até lá e passei um tempão com o Legal, tentei explicar o que estava acontecendo, mas não sei se ele entendeu.
Na segunda-feira seguinte iniciei o meu isolamento e desde então todas as manhãs meu primeiro pensamento do dia é o Legal. Fico imaginando o que passa naquela cabecinha, olhando o parque imenso (o seu Reino) completamente vazio, perguntando “cadê todo mundo?” e pensando, decepcionado: “Até ele me abandonou!” – ele, no caso, sendo eu mesmo.
O mundo de ponta cabeça, milhares de pessoas morrendo ou perdendo o emprego, a economia paralisando, mendigos sem nem ter a quem mendigar, e o que mais me atormenta nesta crise COVID-19 é o Legal pensar que eu o abandonei.
[1] in https://www.dicio.com.br/co/
[2] in http://www.aulete.com.br/co-
[3] Aurélio Buarque de Holanda Ferreira in “Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa”, 4ª. Edição, 2009, Ed. Positivo, p. 485.
[4] in https://portal.fiocruz.br/pergunta/por-que-doenca-causada-pelo-novo-virus-recebeu-o-nome-de-covid-19
[5] Anita O’Day, “We’ll Be Together Again” (Carl T. Fischer, Frankie Laine) in Anita Sings The Most, 1957.
[6] Dire Straits, “So Far Away” (Mark Knopfler) in Brothers in Arms, 1985.
[…] [3] Para quem ainda não conhece o Legal, veja a figura em https://temmusicapratudo.com.br/2018/10/21/legal-e-o-rei/ e em https://temmusicapratudo.com.br/2020/04/08/covidas/ […]
Antes tarde do que mais tarde…
Muita sensibilidade pensar no “CO” antes mesmo de ir atrás do dicionário. Percepção inata.
Coisa de gente que é da música… e não da lei, mas das palavras…
Talvez o tal CO-Vid sirva para nos darmos conta. Despertarmos simplesmente. A um altíssimo custo.
Nos entregarmos à contramão dos gurus da economia, liderança, coachs e outros xamãs do sistema (perdão aos xamãs, não os quero ofender, mas como os falsos tecnicistas repudiam os empíricos, quero irritar os soberbos e não os xamãs). Sim, irmos contrários aos seus “ensinamentos” e nos Des-empoderarmos, nos entregando à Vida. Já que não CO-laboramos, que sejamos CO-optados à vida. CO-VID.
Perceber a fragilidade do que não é previsível e por isso mesmo, não controlável.
Não, não, não… Não me venham os “sabidos”, os doutos empoderados, me dizerem que temos a ciência e que não há problema que não podemos contornar para que possamos continuar fazendo m…. bem,, aquilo que fazemos com convicção inconsciente. Estão acostumados a colocar as mudanças, as dívidas com o viver, no cartão de crédito. Sim.
“Aquecimento global?” vamos resolver mais pra frente, saberemos dar conta – cartão de crédito.
“Espécies ameaçadas?” depois resolvo. – cartão de crédito.
“Lixo no mar?” depois resolvo – cartão de crédito
“Buraco na camada de ozônio?” – depois – cartão de crédito
“Desigualdade social?” – cartão.
E por aí vai.
Mas agora aparece uma conta para pagar à VISTA. E o cobrador não negocia. Não dá pra deixar pra depois.
E não estamos acostumados. Tem que resolver na hora.
E agora?
Grande abraço.
Parabéns e gratidão como sempre. Por trazer a melodia onde podemos cantar.
Anita O’Day, nos falou tudo que precisamos neste momento!
Hoje estamos aprendendo aquilo que já deveriamos ter aprendido !
Vai passar.
Pois é, não está fácil. Mas suas canções sempre nos trazem boas vibrações.
Bjss
Estamos todos vivendo um luto, inclusive o Legal que deve sentir a falta dos humanos do parque, mas ao mesmo tempo vamos nos preparando para um novo modo de viver ,com valores nas coisas simples e verdadeiras sem tanto materialismo, mas com mais humanidade.
Marcelo
Vc sempre toca meu coração!!
Beijos caninos p vc e beijos p a Si!
Meu amigo,logo logo,tudo isso vai passar!E estaremos todos.juntos novamente,porque o bom da vida é estar junto das pessoas que a gente gosta,não é mesmo?!
Filho garanto o Legal entendeu, é vai fazer a maior festa quando te ver novamente; os seus amiguinhos estão bem cuidados. Tudo vai passar e se Deus quiser todos vamos nos abraçar novamente! Bjos.
Uma das Coisas mais Importantes na Vida Humana, é Saber se Adaptar as Circunstâncias da Vida. Ou seja, ser um Camaleão e Sobreviver ao Máximo. Ao Contrário da Vida Animal, onde os Animais na Grande Maioria se Adaptam mais Facilmente. Nós Humanos temos mais Dificuldade, isto Variando de Pessoa para Pessoa. É Bom ser um MacGyver para se sair Bem.