ENCONTRÕES
Escrito em 02/09/2023.
Há alguns dias tratamos daqueles encontros de várias pessoas e mostramos algumas reuniões históricas que já aconteceram, com dezenas de artistas se juntando e fazendo verdadeiras festas.[1]
Se você está no espírito, essas grandes reuniões podem mesmo ser muito legais: rever um monte de gente, festejar, todo mundo falando ao mesmo tempo, aquela bagunça gostosa.
Nesses eventos grandes a gente abraça e fala com todo mundo, mas, convenhamos, não conversa, de fato, com ninguém.
Já num encontro, tête-à-tête, com um amigo, a coisa é diferente. Aí o papo é mais íntimo, você realmente ouve o que é falado, presta atenção, pergunta, responde, lembra, ri, chora, fica sabendo das coisas.
O Aurelião tem nada menos que treze definições para o verbo encontrar, a mais legal de todas sem dúvida é a penúltima: “12.Ir ter com alguém.”[2]
Ir ter com alguém exige uma atenção especial, um olho-no-olho, é bem diferente de uma reunião. É algo íntimo, mais ou menos assim:[3]
Porém encontrar, diz a décima definição no Aurelião, também pode ser “10.Chocar-se, entrechocar-se; embater-se”.[4]
E foi mesmo um embate o encontro em Los Angeles entre o consagrado maestro e a fenomenal cantora, em 1974, para gravar um disco que ficaria para a história. Os gênios, é de se esperar, costumam ser geniosos.
A recepção até que foi acolhedora:
“‘… Tom nos recebeu no aeroporto de pijama e com uma rosa na mão, de guarda-chuva sobre a garoa… Ele já foi contando que tinha duas músicas entre as trinta mais enquanto os Beatles tinham quatro. Mas eles são quatro e eu sou um, né’, analisou o maestro.”[5]
Acontece que a cantora tinha motivos para fincar um pé atrás. Anos antes o maestro a recusou para o papel em um musical, dizendo: “… Essa gauchinha deve estar cheirando a churrasco, não está pronta”.[6]
O fato é que foi marcada a gravação do disco, uns vinte dias de convivência, que inicialmente não foram nada fáceis pelo que conta o Roberto Menescal:
“… Eu ligava todo dia pra saber como é que o Aloísio de Oliveira estava se virando com os dois. Ele dizia todo dia: é meio difícil, mas tudo bem. Aí falei com a Elis no telefone e ela disse: ‘Está uma merda, não tem nada bom, o Tom é um babaca, um chato, reage contra os aparelhos eletrônicos, diz que vão desafinando e afinando não sei o quê, fazendo tipo, e a gravação está babaca, parecendo bossa-nova’.”
Mas no fim a cantora se dobrou:
“… E eu perguntei: ‘Mas, Elis, esse tempo todo não saiu nada?’ ‘É’, ela disse, ‘tem uma musiquinha boa’, e aí começou a se animar na conversa, e a se animar, e no fim do papo o disco estava ótimo, maravilhoso: ‘Estou louca pra chegar no Brasil e te mostrar. Todas as faixas estão lindas.’”[7]
Parece que ficou bonzinho mesmo:[8]
Este encontro virou um documentário que está para ser lançado, com imagens dos bastidores. Não vi e já gostei.[9]
Bem menos tenso foi este outro encontro, também pudera, só tinha gente bamba:[10]
Um encontro com um velho amigo é sempre bom. Mas não pode virar rotina, se não perde a graça.
Semana passada reencontrei meu grande e melhor amigo depois de um tempão, passamos a tarde matando a saudade e colocando os assuntos em dia.
Tanto tempo sem nos vermos até esse encontro, e não é que ontem à tarde nos vimos de novo? Eu atravessando a rua para comprar peixe e ele com seu carrão branco quase me atropelou. O FDP deu uma risadinha e nem parou!
[1] Relembre em https://temmusicapratudo.com.br/2023/08/20/dia-de-reuniao/
[2] Aurélio Buarque de Holanda Ferreira in “Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa”, 4ª. Edição, 2009, Ed. Positivo, p. 745.
[3] Luiz Melodia e Cássia Eller, “Juventude Transviada” (Luiz Melodia) in Luiz Melodia e Participações, 2014.
[4] Aurélio, idem, p. 745.
[5] Detalhes em http://www.screamyell.com.br/musicadois/elis%20e%20tom.html
[6] Detalhes em https://bravo.abril.com.br/musica/elis-regina-tom-jobim-documentario-estreia/
[7] Veja mais em https://pt.wikipedia.org/wiki/Elis_%26_Tom#cite_ref-Furacao43_15-5
[8] Elis Regina e Tom Jobim, “Águas de Março” (Tom Jobim) in Elis & Tom, 1974.
[9] No já citado https://bravo.abril.com.br/musica/elis-regina-tom-jobim-documentario-estreia/
[10] Jair Rodrigues e Alcione, “Casa de Bamba” (Martinho da Vila) in Festa Para Um Rei Negro (DVD), 2009.
Atrasada. Mas sempre é tempo de dizer, todo encontro é muito bom,depende de aproveitarmos o momento para fortalecer amizades dar boas risadas, lembramos do passado, e assim vai.!
Nossa! Que bacana!
Não conhecia os bastidores do álbum de “Águas de Março”. Dois encrencas,rsrsrsrs….
São tantos encontros maravilhosos!
O tema me fez lembrar do encontro de Vinicius de Moraes e Odete Lara onde em Samba da Benção ele nos lembra que “a vida é a arte do encontro embora haja tanto desencontro pela vida,”
Nunca mais me esqueci.
Um dos mais inusitados que vi foi esse, com dois artistas muito queridos e com um final surpreendente..
https://youtube.com/watch?v=EVXkQF3KkGM&si=wdmdYNmmUmcadPZX
Gratidão Marcelo, por nos proporcionar sempre um momento de reflexão acima do rodapé do dia-a-dia.
Sensacional !!! Um Encontro com Amigos, Tudo de Bom !!! O que posso Falar ?
Um Petisco, Uma Cervejinha, Muita Conversa, Muitas Recordações, Muitas Risadas, Música Boa…
Show !!!
Músicas Maravilhosas !!!
Parabéns !!!