EQUINOS ANÔNIMOS
Escrito em 13/09/2019.
Diz a Wikipédia: Os equinos (do latim científico Equidae) constituem uma família de mamíferos perissodáctilos (delícia de palavra!). Esta família abarca o gênero Equus, onde se classificam o cavalo e o burro, além da zebra.
A história e a literatura estão recheadas de cavalos famosos.
Bucéfalo, o cavalo que ajudou Alexandre (aquele mesmo, o Grande) a conquistar o mundo então conhecido.
Incitatus, o cavalo do imperador romano Calígula, tinha dezoito criados pessoais, e segundo consta foi nomeado senador. Parece exótico à primeira vista, mas se você pensar, aqui em nosso senado também tem muito cavalo.[1]
E por aí vai: Marengo (égua para uns, cavalo para outros) de Napoleão Bonaparte; Silver, do Zorro; o mitológico e voador Pégaso, etc.
Entretanto, foi um cavalo sem nome que deu fama e sucesso à banda America, nos anos 70:[2]
Também não tem nome aquele cavalo que, no tango de Carlos Gardel e Alfredo Le Pera, desgraçadamente perdeu a corrida Por Una Cabeza.[3]
É preciso muita visão para dançar este clássico mundialmente famoso:
Esta música aparece em inúmeros filmes (Perfume de Mulher, A Lista de Schindler, True Lies, Bons Costumes) não só porque é maravilhosa, mas também porque não é preciso pagar direitos autorais para utilizá-la. Caiu em domínio público 50 anos após a morte dos autores em um acidente de avião, em 1935.
Também não tinha nome o cavalo que Deodoro montou para proclamar nossa pobre república. Segundo o historiador Laurentino Gomes o animal foi escolhido por ser bem mansinho, pois o Marechal estava doente naquele dia e o pessoal ficou com medo que ele caísse. O cavalinho era tão anônimo que ficou registrado para a história simplesmente como “o cavalo baio número 6”.[4]
E os burriquitos, coitados! Foi fácil citar vários cavalos famosos no início deste texto, mas me diga você, querido(a) leitor(a), o nome de um burro famoso (sem piadinhas por favor, tô falando do burro animal mesmo).
O cavalo Rocinante é quase tão conhecido quanto seu dono, meu herói Dom Quixote. Mas quem sabe o nome do burro montado por Sancho Pança? E do jumento que levou Jesus para dentro de Jerusalém? Ou da mula (sim, foi uma mula, e não aquele cavalo bonito do quadro) que carregava Dom Pedro I quando deu “O Grito”?
A vida é dura pra burro.[5]
[1] in https://www.revistahorse.com.br/imprensa/os-equinos-que-fizeram-historia/20081030-201926-b211
[2] America, “Horse With No Name” (Dewey Bunnell) in History – America’s Greatest Hits, 1975.
[3] Carlos Gardel, “Por Una Cabeza” (Carlos Gardel, Alfredo Le Pera) in Coleção Folha Grandes Vozes Vol. 3 – Carlos Gardel, 2012.
[4] in https://brasil.elpais.com/brasil/2014/01/09/opinion/1389266670_104355.html
[5] Magro (do MPB-4), “Jumento” (Luiz Enriquez e Sérgio Bardotti, versão de Chico Buarque) in Os Saltimbancos, 1977.
Mais uma vez o seu conhecimento me faz descobrir coisas que até agora não sabia.
Os cavalos, os burros ou os jegues, famosos ou não obedecem ao homem cumprindo a tarefa com aquele olhar humilde.
Adorei as musicas!
Que legal o tema, Marcelo!
Realmente a sociedade não tem sido generosa com os burricos, jegues, giricos, mulas, asnos e jumentos. São muito mais usados para adjetivar pessoas, rsrsrsrs…
Fiquei tentando lembrar de algum burrico que tenha marcado época é só me veio à mente um personagem do Dias Gomes. Lembra do seu Nézinho do Jegue, da novela d’ “o bem amado.”? Então, ele não seria ninguém se não fosse o Jegue. Seria só seu Nézinho. Mas ele não era SÓ o seu Nézinho: era Nézinho DO JEGUE. Único caso de Jegue que foi promovido a sobrenome. Fato memorável na dinastia dos asininos. Mas descobri que o tal Jegue tinha um nome! Se chamava Rodrigo. Isso mesmo -Rodrigo. Quem diria! O sobrenome dele devia ser DO NÉZINHO, rsrsrsrs… Ficou mais importante do que um”cavalo sem nome”, rsrsrsrs….
Sobre o Al Pacino então, não tem o que dizer… sensacional. Pra mim, o melhor.
Grande abraço!!!
Oi Marcelo, não tem como não se emocionar com o tango e a interpretação deliciosa do Al Pacino. Em relação ao cavalo este sempre exerceu um fascínio nas pessoas talvez pela relação física tão próxima quando estamos gavalgando, em guerras ou não. Em sonhos o cavalo além de representar força também tem um simbolismo forte sexual, principalmente em sonhos de mulheres. Agora o tal do Bucefalo, o cavalo do Alexandre, é uma relação amorosa, eles praticamente morrem juntos, tragédia e beleza. Adorei o tango, parabéns
Excelente, parabéns!
Meu amigo,a crônica de hoje está sensacional!!💕💕
Belo Tema !!! Os Equinos sempre participaram da História e muitas vezes roubaram a Cena.
Inclusive nas Estórias em Quadrinhos…Se o Amigo me permitir, gostaria de citar dois exemplos que marcaram a minha Infância:
1) Pepe Legal o Cavalo Xerife e
2) Pé de Pano o Cavalo do Pica-Pau.
Por uma Cabeza é simplesmente Divina e no Filme Perfume de Mulher, ficou Eternizada !!!
Como sempre, você nos surpreende com toda sua sabedoria e criatividade!
Quanto conhecimento você nos proporciona, embalados com músicas Deliciosas!!!
Seu trabalho é Fascinante❗️
É uma Preciosidade❗️
E a cena de tango do Grande Al Pacino é um espetáculo avassalador!!!
Parabéns meu Amor!!!
Você arrasa!!! ❤️🥰