NANA NENÊ
Escrito em 12/10/2019.
Doze de outubro, Dia da Criança, este ser que, pelo menos no início, é abençoado pela ignorância.
Ainda bem. Senão, como dormir ouvindo a canção do Boi da Cara Preta, aquele que pega a criança que tem medo de careta? Imagine só o bebê olhando aquele boizão preto, com uma cara enorme, bufando através da grade do berço e querendo pegá-lo sabe-se lá pra quê.
E a Cuca, que vem te pegar enquanto seu pai está lá na roça?
Se pudesse escolher, preferia ter sido ninado ao som da música que Chet Baker fez para o filho e gravou cantando em italiano, com arranjo de ninguém menos que Ennio Morricone.[1]
Tirando uns bons palavrões e o nome de alguns pratos, não entendo nada de italiano. Vai saber se com sua voz suave e única o Chet Baker não está dizendo que um monstro está chegando para fazer picadinho do bebê…
Já nesta outra posso garantir que não tem nenhum ser terrível fazendo churrasco de nenê:[2]
Ops, acabei de notar que neste vídeo tem uns monstrinhos sim. Mas nada tão assustador quanto o Boi da Cara Preta espreitando do lado de fora do berço.
Quando Yellow Submarine foi lançada com o disco Revolver em agosto de 1966 eu ainda não era criança, não era nem mesmo um feto, mas cheguei logo em seguida. E poucos anos depois vim conhecer a música em português, acredito que na Vila Sésamo, um programa infantil de TV beeeem diferente dos ilarilariês da geração seguinte.
Lembro bem de me esgoelar cantando “Vi-a-jan-do no submarino amarelo, submarino amarelo, submarino amarelo”.
Crianças se esgoelando me lembram buffet infantil, território também conhecido como inferno. Tive a minha cota. Parei faz tempo, e aproveito o momento para confessar aos meus amigos e parentes que aquele dia que faltei à festa do seu filhinho porque fiquei doente, ou porque precisei trabalhar em pleno final de semana, ou porque fiquei preso no trânsito, etc, muito provavelmente eu menti.
Não que eu não goste de crianças, eu adoro! Ou de festa, ou de barulho, tudo isto é muito bom de vez em quando. Só não entendo por que música de festa infantil não pode ser assim:[3]
[1] Chet Baker c/ Ennio Morricone & His Orchestra, “Chetty’s Lullaby” (Chet Baker, Alessandro Maffei) in Chet Baker Career 1952-1988, Disc 2 – Singer, 2005.
[2] The Beatles, “Yellow Submarine” (John Lennon, Paul McCartney) in Revolver, 1966.
[3] Pato Fu, “Bohemian Rhapsody” (Freddie Mercury, Brian May, Roger Taylor; John Deacon) in Música de Brinquedo ao Vivo (DVD), 2011.
Lindo Lindo Lindo!!!!
Amei!!! ❤️
Acessei minha infância…
Que Delícia!!!
Para mim criança è tudo de bom! Minha infância foi muito feliz. esta presente na minha memoria, brinquei muito. Nascemos crianças e partimos crianças.
Criança é Tudo de Bom !!! Por isso é Fundamental Nunca Esquecer de Ser Criança. A Inocência, a Pureza, o Ser Feliz !!! No meu Tempo Soltando Pipa, Jogando Bolinha de Gude, Batendo Bafo, Jogando Futebol de Salão, Pilotando um Carrinho de Rolimã, Montando um Avião ou um Navio de Plástico Modelismo, Ajudando minha Mãe na Casa… Quanta Alegria, Sobrava Tempo até para fazer a Lição da Escola… Difícil escolher a Música mais Bonita…
Muito legal falar de crianças. Não lembro dos sons que fui ninado, aliás nem sei se fui, mas as músicas “infantis” que embalaram minhas filhas foram incríveis, O LP do Toquinho “Aquarela” é simplesmente impecável.
Bj
Adorei o post , você expressou exatamente o que sentimos .
Oi Marcelo, sei lá porque temos tantos dias durante o ano e tantas homenagens e comemorações vazias, coisas do capitalismo, mas o dia da criança é engraçado pois tempos atrás nem existia a figura da criança que era considerada um adulto pequeno e hoje parece que também tá desaparecendo. A criança dos nossos dias não se assusta com o boi da cara preta, mas com a ameaça do desemprego dos pais, com a hostilidade vinda deles e principalmente com a falta da própria infância. Só restou as horríveis festas infantis para felicidade de todos os convidados.